quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Cap2 - Pag4
Eu só não
tinha imaginado que esse charme iria se prolongar por duas torturantes semanas,
eu já estava achando que ela não ia mandar mais, isso começou a me dar a
sensação que havia alguma coisa errada, talvez estivesse se escondendo, talvez
não fosse bonita como eu imaginava, ou seja, minha cabeça começou a dar voltas,
imaginando mil coisas. Depois tive a certeza de que essa demora tinha
exatamente esse objetivo, me deixar confuso. Até que numa sexta-feira, por
volta das dezessete horas, chegou um e-mail dela, o e-mail não tinha assunto, quando
abri tinha apenas uma frase: “era isso que você queria, espero que goste”, e no
e-mail também tinha um anexo, o arquivo tinha uma extensão jpg, era uma foto.
Imediatamente
abri o anexo, o efeito foi bombástico, senti que meu coração havia parado de
bater por alguns segundos, o impacto foi muito forte, ela parecia uma modelo,
lindíssima, uma das mulheres mais bonitas que eu já havia visto em toda minha
vida. Era uma foto tirada em alguma festa, estava bem vestida e maquiada, mas
com certeza isso não fez nenhuma mágica, não transformou uma mulher comum numa
deusa, a beleza era dela mesmo, claro que realçada pelos cuidados com a maquiagem,
mas a beleza era estonteante.
Os cabelos
eram longos e lisos, num bonito tom de castanho claro, os olhos pareciam duas
esmeraldas, lindas e cintilantes, a boca perfeita, contornada por um discreto
batom em tom de vermelho, os dentes brancos e muito bem cuidados, as sobrancelhas
muito bem feitas também, usava um discreto par de brincos, e as mãos eram
delicadas, dedos longos com unhas não muito compridas, pintadas num tom escuro,
tudo estava harmonioso na foto, sem exageros.
Com toda
certeza ela era uma mulher extremamente vaidosa e exigente, atenta aos mínimos
detalhes, os brincos dourados com partes pretas combinando com o vestido que
também era preto, o vestido era de alças não largas, uns dois centímetros
talvez, e não parecia muito decotado, mais tarde vim a saber que aquela foto
havia sido tirada num casamento, dai o vestido não ser muito chamativo, bonito,
mas discreto, um casamento não é o tipo de lugar onde uma convidada deve tentar
roubar as atenções, essa festa é da noiva, ela (a noiva) deve ser o centro das
atenções e não uma convidada.
Fiquei por
muito tempo olhando para aquela foto, literalmente degustando a foto, tentei
achar em cada detalhe um pouco mais daquela mulher, queria saber tudo que
pudesse sobre ela, extrair da imagem o máximo de informações possíveis, mas ao
mesmo tempo estava encantado, fascinado, ela era praticamente perfeita.
Se ela já
havia despertado minha atenção, agora se transformara numa verdadeira obsessão,
precisava de qualquer maneira encontrar essa mulher, ver ao vivo aquilo que uma
tela de computador havia me mostrado, sentir o perfume, tocar a pele, sentir a
maciez dos lábios, a suavidade dos cabelos, e principalmente, olhar nos olhos.
Mas se para mandar uma foto ela levou duas semanas, imagine encontrar com ela,
iria levar meses. E levou mesmo.
Ela ainda
estava saindo de uma relação um tanto quanto conturbada, e o outro com toda
certeza devia amá-la muito também, talvez tenha sentido o mesmo que eu, imagino
como deveria estar sendo difícil para ele perdê-la, mas não havia como julgar,
nem saber os motivos que a estavam levando a se separar, esse era um assunto
sobre o qual eu muito pouco sabia, e com certeza dificilmente saberia de toda a
verdade, então era melhor nem mexer com esse assunto. A única coisa que me
interessava era que ela estava se separando dele.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Cap2 - pag3
O que mais me
atraía era a qualidade das suas respostas, ela era muito inteligente, tanto ou
até mais do que eu, isso para mim foi uma grata surpresa. Minhas relações, de
um modo geral, sempre foram dominadas por mim, mas com ela isso não acontecia,
ela não me deixava dominar, sempre me dava ótimas respostas, eu tentava pega-la
e ela me mandava uma resposta ainda melhor, obrigando a que eu me esforçasse
muito para devolver a resposta, perdi a conta de quantas vezes fiquei na “saia
justa”.
Claro que
tanto interesse se transformou numa curiosidade enorme sobre essa mulher que
literalmente monopolizava o meu tempo, em uma semana eu já estava completamente
interessado, e trocar e-mails não era mais suficiente, eu queria mais, queria
conhece-la, saber tudo sobre ela, então o próximo passo era facilmente
previsível, o celular.
Pedi o número,
ela mandou, perguntei se poderia ligar, se não iria causar algum problema, ela
disse que não haveria problema, mas que se não pudesse atender não atenderia,
então lhe disse o meu número, para quando eu ligasse já soubesse que era eu.
Havia chegado
o momento de me aproximar, de senti-la perto de mim, imediatamente liguei, o
telefone tocou algumas vezes e ela atendeu, a voz tinha nitidamente um sotaque
paulistano, fiquei meio sem saber o que falar, com medo de falar alguma bobagem
e “queimar” aquela que era uma das mulheres mais interessantes que eu já havia
conhecido, mas tudo correu bem, falamos apenas alguns minutos, eu não queria
atrapalha-la.
Depois de
desligar o telefone fiquei alguns segundos ainda ouvindo a sua voz dentro da
minha cabeça. Então mandei um e-mail, disse que adorei a voz, ela foi educada e
retribuiu o elogio, dizendo que meu sotaque carioca era muito “carregado”, isso
não foi propriamente um elogio, mas também não foi uma crítica...rsrs...
Depois da
ligação Sílvia fez questão de deixar uma coisa bem clara, ela ainda vivia com
uma pessoa, então não poderia me atender a qualquer hora, principalmente a
noite e finais de semana, nosso contato ficaria restrito praticamente ao período
de trabalho. A separação estava sendo bastante trabalhosa, e se a pessoa
soubesse que havia uma outra pessoa envolvida, isso com certeza iria dificultar
ainda mais.
A cada etapa
vencida eu queria mais, queria falar com ela novamente, ouvir mais a voz
daquela mulher que estava fazendo meu coração bater bem mais rápido, e claro,
queria vê-la, queria saber como era, ela se descreveu como uma mulher de
estatura baixa, um metro e cinquenta e cinco, magra, pesava quarenta e oito quilos,
cabelos castanhos e olhos verdes, pela descrição parecia ser muito bonita, e da
mesma forma eu me descrevi para ela, mas é claro que uma foto transforma as
palavras em vida, eu queria ver uma foto, então pedi.
Obviamente meu
pedido não foi atendido de imediato, como toda mulher fez um certo charme, a
curiosidade é a arma de toda mulher (e uma das fraquezas também..rs), eu não
sou muito curioso, mas confesso que aquela altura do campeonato eu já estava
bastante curioso, já estava há algum tempo tentando imaginar como ela seria, se
a imagem iria corresponder as minhas expectativas.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Cap2 - pag 2
O tempo foi
passando, os e-mails dos grupos chegando, eu encaminhando, tudo dentro da
rotina, até que um dia chegou um outro e-mail do grupo de pessoas entre trinta
e quarenta anos, o e-mail era de uma mulher chamada Jaqueline, era um e-mail
sobre os homens maduros, o e-mail fazia uma série de elogios aos homens dessa
categoria, e a Silvia havia respondido a esse e-mail, dizendo que concordava
com a Jaqueline, e fazendo mais elogios, eu reconheci a Sílvia do outro e-mail,
sabia quem era, dessa vez eu não me segurei e respondi para as duas, claro que
eu concordei com elas, afinal era de homens como eu que elas estavam falando.
Agora não
tinha como negar, fiquei curioso, esperando o que elas iriam responder, no dia
seguinte quando abri o e-mail tinha resposta das duas, mas a resposta da Silvia
foi mais longa, a da Jaqueline foi mais formal, e claro que eu respondi para
elas, e novamente a resposta da Silvia foi a mais longa, a partir daquele
e-mail eu passei a responder apenas para a Silvia.
Em cima
daquele e-mail fizemos muitas respostas, e a cada uma delas nós parecíamos mais
interessados, eu ficava sempre esperando para saber o que ela iria responder, a
curiosidade sobre aquela mulher aumentava a cada dia, a cada hora, a cada
minuto, eu abria o e-mail quase que de meia em meia hora para ver se tinha
resposta, e assim que respondia eu devolvia o e-mail, a pressa era tanta que eu
passei a usar o meu e-mail do trabalho com ela, antes eu usava um e-mail de
sites da internet para não usar o meu nome, esse e-mail (com nome fake) ficava
destinado apenas para esse tipo de contato, o e-mail do trabalho, por questões
de segurança, não era usado para isso, mas no caso dela abri uma exceção.
Até aquele
momento eu ainda não tinha noção do quão importante aquela mulher iria se
tornar na minha vida, mas com certeza ela já estava se tornando o melhor contato
que eu havia feito em meses. Eu não sabia exatamente o que ela tinha que a
fazia diferente das outras mulheres, mas ela tinha algo especial, parecia ser
uma mulher muito inteligente.
Usando o
e-mail do trabalho tudo ficou mais fácil, não precisava ficar entrando na net para
saber se ela tinha respondido, a resposta vinha bem mais rápido, isso aumentou
significativamente a quantidade de e-mails trocados, chegamos a trocar cento e cinquenta
e-mails num único dia, e foi num desses e-mails que confessei que tinha visto
aquele e-mail dela se apresentando ao grupo, Sílvia riu e perguntou por que não
tinha respondido o outro e-mail, eu disse que achei que seria complicado um
relacionamento com uma pessoa de outro estado, e que por isso achei melhor nem
responder, mas o destino me provou que eu estava errado.
A essa altura
eu já estava tentando compreender a sua personalidade, entender cada vez mais
sobre ela, e um detalhe importante estava me escapando, o sobrenome, era um
nome diferente, estava bem claro que não era de origem portuguesa, então ela
explicou que era de origem espanhola. Era o componente que faltava, além de
tudo também tinha o sangue quente. Isso com certeza ia tornar as coisas ainda
mais interessantes.
Trocar e-mails
com ela era como um jogo de tênis ou ping-pong, era ir e voltar, eu mandava e
ela devolvia, e quanto mais trocávamos e-mails, mais eu gostava, aquilo se
tornou quase um vício, passei a ficar mais tempo na minha sala, era difícil me
tirar da frente do computador, só saía quando era estritamente necessário.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Voltaire
Voltaire foi um filósofo francês que viveu no século XVIII, uma de suas frases mais conhecidas é: "Se você não quiser ver loucos, então quebre os espelhos". Ele tinha razão, todos somos um pouco loucos, ninguém é absolutamente normal.
A pergunta agora é: Onde você esconde a sua loucura?segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Cap2 - p1
O EMAIL
Um dia eu recebi um daqueles e-mails pornô que os homens ficam mandando uns para os outros, e algumas pessoas acabam esquecendo de apagar o remetente anterior ou outras informações do e-mail, e nesse e-mail havia um link de um daqueles grupos que os sites tem, ai eu fui olhar mais de perto o tal grupo, achei legal e acabei me inscrevendo.
Os e-mails do
grupo foram chegando, os amigos gostavam, tinha sempre material novo para
mandar, até que um dia, num desses e-mails, veio um monte de links de outros
grupos, e um desses links era de um grupo de encontros para pessoas entre
trinta e quarenta anos, era mais ou menos isso que eu precisava, e mesmo
estando com quarenta e dois anos me inscrevi, afinal eu estava procurando
alguém nessa faixa dos trinta aos quarenta.
Os e-mails
desse grupo dos trinta aos quarenta anos foram chegando, muita gente postando
poesias, algumas pessoas se apresentando, mas nada que empolgasse, até que um dia
veio um e-mail de uma mulher de São Paulo, seu nome era Sílvia, tinha trinta e
quatro anos, trabalhava num grande banco estrangeiro, sem filhos e em processo
de separação.
Sinceramente
eu fiquei olhando para aquele e-mail, pensando se deveria responder ou não, ela
era de São Paulo, vai que eu me interesso por ela, ai teria que ficar na ponte
aérea todo final de semana, isso não ia dar certo, e eu já tinha problemas
demais, então achei melhor nem responder ao e-mail.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
1o. Capítulo - Fim
Isso gerou uma
série de relacionamentos que não “decolavam”, e com isso eu comecei a fazer algo
que eu não queria, comecei a machucar as pessoas, tive que começar a dizer a
elas que suas expectativas não iriam se concretizar, e isso não me fazia nada bem,
doía tanto em mim quanto nelas, houve até um caso onde a pessoa não “desligou”
a relação, continuou por um tempo achando que as coisas iriam mudar, só que não
mudaram, mas isso é outra conversa.
Depois de alguns
meses tentando, achando que as coisas iriam melhor, tive que reconhecer que as
coisas não estavam melhorando. Isso é uma espécie de método de tentativa e
erro, você vai tentando para ver se dá certo, só que cada vez que dá errado, a
penalidade é pesada, alguém sai machucado.
Já não sabia
mais o que fazer, se tentava ou não, se tentasse corria o risco de machucar
alguém, se não tentasse não sairia dessa situação, o que fazer então? Tinha
horas que eu achava que deveria tentar, que iria com cuidado para não machucar
ninguém, ai quando dava errado eu jurava para mim mesmo que nunca mais ia
tentar.
Ficava um tempo sem mexer nisso, ai o tempo me convencia novamente que
podia dar certo, mas acabava acontecendo de novo. Isso de certa forma acaba
funcionando como um “enforcador”, aquele tipo de coleira muito usado em
cachorros bravos, se você tenta sair ele te machuca, e te mantem na mesma
situação.
Eu estava num
beco sem saída e a perspectiva não era das melhores.
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