terça-feira, 2 de junho de 2015

Intimidade: só com muito sexo oral (além desse que você está pensando).

Por Nathalia Ziemkiewicz

Botar a língua entre as pernas de alguém talvez seja muito mais fácil que usá-la para expor o que a gente sente em relação ao sexo. No último ano, tive a sorte de palestrar sobre sexualidade para mais de mil mulheres - e de ouvir suas confissões.

Pouca coisa me impressiona tanto quanto a falta de intimidade entre os casais. Não aquela de fazer xixi de porta aberta ou ignorar a flatulência alheia. Nem tem a ver com a quantidade de vezes que vocês trepam por semana e quais acrobacias executam na cama.

Falo da capacidade de se mostrar profundamente vulnerável ao outro com a tranquilidade de ser acolhido em seus desejos, frustrações, angústias. O contrário da mulher que esconde o vibrador do namorado porque morre de vergonha do que ele possa pensar se descobrir esses momentos de prazer solitário. Do marido que sofre de ejaculação precoce há anos e não pede ajuda para procurar um tratamento. De quem finge orgasmo ao invés de simplesmente admitir que "desta vez não rolou" e depois indicar como gosta.

Falo de construir um ambiente propício para diálogos livres de pudores e julgamentos. Em que você possa comentar que teve um sonho erótico com outra mulher, que odeia quando forçam sua cabeça no sexo oral, que adoraria vê-lo totalmente depilado. E como intimidade requer reciprocidade, é preciso receber (não necessariamente concordar) o que vem do lado de lá. Se ele conta que sente falta de mais iniciativa sexual da sua parte, que fantasia com a ideia de ser observado enquanto transa, que se masturba direto vendo pornografia.

Falo de encarar o sexo como dimensão fundamental para a qualidade da vida a dois, mas de um jeito leve e bem-humorado. Rir junto por causa do barulho inusitado que saiu sabe-lá-de-que-buraco, do jato que espirrou no lugar errado, da embalagem de camisinha que escorregou das mãos lambuzadas, da pilha que parou de funcionar na hora H, do brinquedinho mais avantajado que aquele proporcionado pela própria natureza. Quando ficamos íntimos de verdade, não há espaço para inseguranças: somos aceitos e amados exatamente como somos.

Falo de se despir por inteiro, não só de cuecas e calcinhas.

(CONCORDO PLENAMENTE COM ELA. QUANTAS PESSOAS NÃO TEM ESSE MESMO PROBLEMA? ACHO QUE MUITAS, A GRANDE MAIORIA.

ACREDITO QUE TODO MUNDO, EM ALGUM MOMENTO, EXPERIMENTOU ESSA SENSAÇÃO, DE QUERER FALAR E TER MEDO, MEDO DO JULGAMENTO, MEDO DO QUE O OUTRO VAI PENSAR.

JÁ OUVI MUITAS HISTÓRIAS, MAS AS MAIS COMUNS SÃO AS DAS MULHERES QUE RECLAMAM DOS MARIDOS, QUE TEM MEDO DO QUE ELE VAI PENSAR DELA SE ELA DISSER O QUE ESTÁ PENSANDO OU SENTINDO, OU SEJA, MEDO DO JULGAMENTO.

ELA DIZ OUTRA COISA INTERESSANTE, A QUESTÃO É SABER OUVIR, NÃO NECESSARIAMENTE QUE SE VÁ CONCORDAR COM O QUE O OUTRO ESTÁ SUGERINDO, TODOS TEM O DIREITO DE DISCORDAR, MAS A POSTURA DEVE SER DE SABER OUVIR, DEIXAR A PORTA ABERTA PARA O OUTRO FALAR. CONCORDAR, OU NÃO, É UM DIREITO DE CADA UM).

Fonte: http://www.brasilpost.com.br/nathalia-ziemkiewicz/intimidade-so-com-muito-s_b_7488412.html?utm_hp_ref=brazil

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