quarta-feira, 12 de agosto de 2015

11 mulheres contam como descobriram que não queriam ter filhos.

Para algumas mulheres, a decisão de não ter filhos é relativamente simples, algo que elas sabem desde sempre. Para outras, é algo que se decide mais tarde, seja por causa de um momento decisivo ou porque o assunto foi objeto de reflexão durante anos. E também existem as mulheres que esperam uma resposta definitiva, que não chega nunca.

Pedimos que as integrantes da comunidade HuffPost Women no Facebook nos contassem como tomaram a decisão de não ter filhos. Eis 11 das histórias:

Ficar grávida deixou tudo claro.

Quando tinha 27 anos, engravidei de um cara com quem estava saindo. A gravidez estava no começo, mas eu já sentia as mudanças no corpo. Minhas gengivas incharam em sangraram. Meus seios ficaram sensíveis. O cara disse que apoiaria qualquer decisão que eu tomasse, assim como minha mãe e minha irmã. A decisão foi inteiramente minha. Três dias depois de fazer o teste, logo depois de acordar e tomar um Gatorade (a única coisa que meu estômago aguentava), caiu a ficha: não queria ter um filho. Não queria a experiência da gravidez. Não gosto nem de segurar bebês. Antes de engravidar, diria que tinha 98% de certeza. Quando me perguntavam, respondia que não – mas sempre emendava um “mas nunca se sabe, talvez um dia”. Naquele instante, porém, foi não. Não. – Callie, 33, Carolina do Sul

Sempre soube.

Nunca quis ter filhos, desde que me entendo por gente. Quando brincava de casinha, nunca era a mãe. Estudei numa escola católica e lembro vivamente de uma aula de crisma. Tínhamos de responder onde estaríamos em cinco ou dez anos. Todas as meninas falaram que queriam estar casadas, com filhos, numa casa de subúrbio... o pacote completo. Fui literalmente a única a dizer que queria morar num apartamento em Chicago, com um cachorro. – Katie, 28, Illinois

Não quero trazer crianças para um mundo assim.

Sempre fiquei em cima do muro em relação ao ter filhos. Quando tinha 20 e poucos anos, comecei a fazer trabalho voluntário numa entidade que oferecia aconselhamento para vítimas de ataques sexuais. Minhas dúvidas se evaporaram. Lidei com muitas mulheres que foram vítimas de abuso sexual na infância, e ficou claro para mim que o nosso sistema jurídico não as favorece. Elas eram sobreviventes corajosas, mas a maioria não conhecer a Justiça na infância: enfrentaram vidas inteiras de estresse pós-traumático, medo, depressão, vício e ansiedade. Logo percebi que não queria colocar crianças num mundo assim – simplesmente não seria certo.

Acredito que teria chegado à mesma conclusão se não tivesse passado por essa experiência; mas talvez não tivesse tanta certeza. Não conseguia esquecer o que vi no meu trabalho voluntário – especialmente quando pensava em colocar filhos no mundo. Enquanto não nos preocuparmos em cuidar das crianças em geral, não terei pressa em ter filhos. – Sara, 28, Canadá

A resposta veio de repente, sem nenhuma razão especial.

Desde que me entendo por gente, nunca quis filhos nem pensei no assunto até chegar perto dos 30. Naquele momento, a questão me deixou angustiada. Me perguntava como podia olhar para bebês sem sentir nada dentro de mim. Tentei me convencer de que deveria ter um filho, talvez dois. Vários dos meus amigos estavam nessa fase da vida, e minha mãe me perguntava sobre netos o tempo inteiro. Minha cabeça estava entrando em parafuso.

Um belo dia, alguma coisa aconteceu. A decisão estava tomada. Pensei: “Não há fatos novos a considerar. Não vão surgir novas informações para tornar a decisão mais fácil, então confie no seu instinto”. Naquele momento, soube que não queria filhos – e me senti muito aliviada. Nunca mais olhei para trás. (Tenho várias epifanias esquisitas, tipo, sei dizer exatamente o instante em que passei a gostar de pimentão.) Não sei o que aconteceu naquele momento; acho que... a hora tinha chegado. É como estar num restaurante e não conseguir se decidir entre um hambúrguer ou uma salada. Quando o garçom chega, você tem de fazer o pedido. – A, 33, Texas (por questões de privacidade, estamos usando somente a inicial)

Finalmente encontrei um exemplo do que é uma vida sem crianças.

Nunca me interessei por crianças, mas foi na faculdade que decidi que não teria filhos. Tinha algumas professoras sem filhos que viviam vidas perfeitamente gratificantes, com seus livros e bichos de estimação. Falei com uma delas sobre o assunto, e a sigo no Facebook – portanto, sei bastante da vida dela. Nunca tinha tido um bom exemplo de vida sem filhos. Minha família toda é bem “tradicional” – casar, ter filhos, esse tipo de coisa. Crescendo nesse ambiente, nunca tinha imaginado que uma vida sem filhos pudesse ser “completa” – mas era essa vida que eu queria ter. Demorou muito para aceitar que não é egoísmo querer o que eu quero. – Jessica, 25, Carolina do Sul

Ainda tenho medo (e isso é natural).

Nunca quis ter filhos. Acho que não tenho o “gene materno”. Meu único arrependimento é que minha mãe realmente queria ter netos, e nunca pude realizar esse desejo – ela tem câncer de cólon em estágio avançado, o que faz o arrependimento doer um pouco mais.

Mas não acho que tenha de ceder a esses medos ou arrependimentos. Eles não mandam na minha vida. São mais pensamentos passageiros, normais – e naturais. Não houve um momento decisivo para mim. Até hoje, fico pouco à vontade com bebês e crianças. – Niki, 38, Chicago

Estou com 39 anos e ainda não tenho certeza.

Estou com 39 anos. Sempre achei que um dia teria filhos, mas agora já não tenho tanta certeza. Tenho um bom emprego, uma casa, viajo várias vezes por anos e tenho muita liberdade. Se tivesse filhos agora, tudo bem. Se não tivesse, tudo bem, também.

Fico surpresa com minha ambivalência. Sempre achei que 35 anos seria meu limite para engravidar... mas os 35 vieram e foram embora. Fui casada quando tinha 20 e poucos e achei que um dia teria filhos, mas aí o casamento acabou antes que o assunto viesse à tona. Se eu conhecesse o pai perfeito, um parceiro para a vida toda, consideraria a ideia. Mas, com 39 anos, não sei se essa é uma expectativa razoável. Com certeza não é uma das minhas prioridades. – Kristen, 39, Flórida

A resposta veio depois de passar muito tempo com crianças.

Quando era criança, achava que ia casar e ter quatro filhos. Aí, virei professora e percebi que gosto muito de crianças, mas só de segunda à sexta, até as 16h. Foi repentino. Pensava: “Vou para casa e tenho de lidar com mais crianças, mesmo que sejam as minhas?”

Tenho uma sobrinha e um sobrinho. Ajudei a cuidar deles quando eles eram bebês, o que foi um prazer. Mas ficava ainda mais feliz quando o pai ou a mãe vinham buscá-los. Percebi que não tinha aquela coisa para ser a mãe que gostaria de ser – a mãe que senta no chão para brincar com as crianças, que tem paciência quando elas são difíceis. “Você é tão boa com crianças”, me dizem o tempo todo. As pessoas simplesmente acham que, se você é uma pessoa atenciosa e cuidadosa, automaticamente deveria ter filhos. Mas não tenho esse desejo. – Andi, 33, Texas

Não quero parar de tomar meu remédio.

Sempre adorei crianças – amo brincar, ouvir o que elas têm a dizer. Elas enxergam o mundo de um jeito mágico. Quando era mais jovem, achava que teria vários filhos, mas agora, aos 25, sei lá no fundo que isso não vai acontecer. Tomo Paxil, um remédio para controlar ansiedade, desde os 12 anos. Esse remédio já foi associado a problemas de desenvolvimento do feto. Tentei parar de tomar, mas a abstinência me causa calafrios, vômito, tontura, cansaço crônico e perda de peso. A ideia de passar nove meses sem o remédio me dá medo. Com tanto estresse – para mim e para o bebê --, a gravidez não seria saudável. Sei que provavelmente nunca darei à luz. É instinto. – Samantha, 25, Flórida

Fico enjoada só de pensar em engravidar, mas tenho medo de me arrepender.

Meu plano sempre foi casar e ter filhos antes do 30. Fiquei noiva aos 21, mas percebi que não queria passar o resto da minha vida com meu marido. Aí entrei num relacionamento de sete anos com um cara que era péssimo pai para os filhos dele. Terminei. Desde então, tenho viajado. Fiz trabalho voluntário na África durante dois anos.

Tenho 36 anos. Realmente não sei se quero ter filhos – e já chorei muito pensando que talvez seja tarde demais (não sei se tenho tempo suficiente para encontrar o pai certo). Ao mesmo tempo, não tenho certeza de que quero passar pela gravidez. Amo minha liberdade e o fato de ter um ótimo emprego, que me dá muito tempo para viajar. Mas tenho medo de um belo dia acordar arrependida.

Para ter certeza de que quero ter filhos, precisaria encontrar o cara certo, saber que ele também quer filhos e também quer continuar vivendo aventuras. Mas aí leio artigos sobre gravidez e parto e acho que não é isso... Fico enjoada só de pensar na gravidez e no parto. – Kayley, 36, Reino Unido

Quando fiz ligadura das trompas, finalmente me senti “sem filhos”.

Lembro de dizer para minha mãe que nunca teria filhos. Eu tinha uns 5 anos. É claro que ela deu de ombros e respondeu: “Ah, você vai [ter filhos]. Vai mudar de ideia”. Conforme fui crescendo, minha determinação fraquejou – não porque não tivesse certeza, mas por causa da pressão da sociedade. Mas, quando fiz 25, decidi deixar bem claro o que penso sobre filhos – e foi aí que fiquei grávida, mesmo usando contraceptivos. Meu namorado e eu ficamos aterrorizados. Decidimos que, se a gravidez avançasse, eu faria um aborto. Por sorte, isso não foi necessário. A gravidez não foi adiante.

Não acho que esse episódio tenha sido necessário para confirmar minha certeza, mas precisava deixar tudo bem claro para os outros. Depois da gravidez, decidi fazer ligadura das trompas. O procedimento foi realizado em abril de 2014, e naquele momento me senti realmente sem filhos – e no controle da minha saúde reprodutiva. – Ulonda, 27, Ohio.

Os relatos foram editados e condensados.

(ESSA NÃO É UMA DECISÃO FÁCIL, TEM PESSOAS QUE NÃO NASCERAM PARA ISSO.)

Fonte: http://www.brasilpost.com.br/2015/08/10/mulheres-nao-querem-filhos_n_7968360.html?utm_hp_ref=comportamento

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