Os estudos científicos podem ser fascinantes... e bem confusos. Por isso decidimos retirar todo o jargão científico e explicá-los por partes para vocês.
O Contexto
O sexting vem ganhando uma péssima reputação.
Notícias de jovens que enviam imagens com teor sexual explícito dos seus celulares acabam, em sua maioria, sendo destacadas em escândalos e campanhas contra o sexting.
Pesquisas recentes descobriram que 54 por cento dessas mensagens são de adolescentes, mas somente 28 por cento enviam imagens sexuais (outros estudos mostram similarmente elevados números).
Se tantos adolescentes estão praticando sexting, o que eles estão aprendendo sobre sexo com esse troca-troca digital pornográfico?
Bastante, aparentemente. Um novo estudo conduzido por Amy Adele Hasinoff da Universidade do Colorado filtrou os conselhos dados às pessoas que buscam na Internet dicas para se tornarem experts em sexting.
A Situação
Hasinoff buscou conselhos que são comuns online com o objetivo de comparar crenças amplamente difundidas sobre sexo vs. sexting. Para isso, ela usou a ferramenta Google Trends e descobriu as pesquisas mais relevantes de termos para as duas categorias.
Ela então analisou artigos que apareciam na primeira página de pesquisas do Google para esses termos, já que "a maioria dos usuários jamais olham além da primeira página do resultado de busca do Google".
Para "sexting," ela descobriu que "how sexting" (“como sexting”) "sexting examples" (“exemplos de sexting”) e "sexting tips" (“dicas de sexting”) estavam entre os termos mais populares em inglês, o que lhe trouxe 21 artigos na primeira página de busca do Google.
"How sex" (“como sexo”) e "sex tips" (“dicas de sexo”) estavam entre as mais populares para "sexo" dando-lhe 20 artigos para análise. Os artigos da mostra vieram de sites como Cosmopolitan, Men's Health, WikiHow e Gizmodo.
Depois de juntar os artigos, Hasinoff os analisou com foco no seu tratamento de consentimento afirmativo, um conceito que quer dizer que "a pessoa que iniciou o contato sexual deve receber um ‘sim’ verbalmente (consentimento afirmativo) da outra pessoa antes de iniciar qualquer atividade sexual" – ou seja, "sim, quer dizer, sim".
A Descoberta
Acontece que a Internet dá um conselho bem diferente quando se trata de sexo e sexting. Os artigos com conselhos de sexo analisados por Hasinoff nunca explicitamente mencionaram consentimento e algumas dicas de sexo até "erotizaram a fantasia em cenários sem consentimento".
(Nossa.) Quando existia um padrão em artigos de sexo para incentivar a comunicação era apenas para sugerir que os leitores comunicassem aos seus parceiros seus desejos para apimentar mais o sexo. Um exemplo de artigo sobre “sexo" afirmou:
"Observe e preste atenção para pistas não verbais -- gemidos, pressões, suspiros. Quanto mais você conseguir ler os sinais, mais você terá mais chances de proporcionar prazer".
Segundo Hasinoff: "O limite nas dicas de sexo em geral é que eles apenas mencionam a comunicação como parte das muitas práticas sexuais que podem ser ‘sexys’ e divertidas, o que pode acabar sugerindo que isso é opcional".
Já os conselhos em artigos sobre sexting analisados por Hasinoff incentivavam a comunicação para um sexo melhor e eles também avisavam do dano em potencial que o seu sexting poderia causar ao ser enviado quando não era bem-vindo.
Os artigos descrevem que quem recebe pode sentir "choque e horror" ou ver isso como algo "esquisito, desconfortável e indescritivelmente embaraçoso." Enviar esse tipo de mensagem sem ter sido solicitado pode também ser descrito como algo "assustador" e uma forma de "assédio sexual".
Sete dos 21 artigos sobre sexting realmente instruíam os leitores a terem o consentimento explícito antes de clicar em enviar numa foto ou mensagem de teor sexual. De acordo com um artigo do exemplo, o seguinte foi aconselhado: "Parece loucura, mas existem pessoas que assumem que se uma cantada falhar uma foto do pênis pode acabar dando certo. (NÃO PARECE LOUCURA, É LOUCURA!)
Errado, errado, errado".
Alguns conselhos de sexting também abordaram o mito que o consentimento pode ser presumido, baseando-se no histórico de relacionamento. Um artigo dizia, "Só porque uma mulher lhe dá o seu telefone não quer dizer que ela queira o sexting." Outro avisava "Não envie suas fotos nu sem terem sido solicitadas. Nunca. Mesmo se for para sua esposa".
Embora estes avisos de cuidado sobre sexting não sigam perfeitamente o modelo de consentimento afirmativo, Hasinoff disse que eles "oferecem uma lógica para adotar os princípios de respeito pela autonomia sexual e engajamento em comunicação explícita sobre o consentimento."
Já o motivo da diferença entre o conselho popular sobre sexo e sexting, Hasinoff forneceu duas possíveis explicações. Primeiro, diferentemente do sexo na “vida real”, sexting é algo bem novo e um território inexplorado.
As pessoas podem tentar exibir um cuidado extra antes de fazer qualquer presunção sobre o consentimento digital.
Segundo, os próprios celulares podem promover consentimento explícito já que eles eliminam a possibilidade de presumir consentimento implícito por pistas não verbais, como linguagem corporal.
Isso combinado com a distância física que nós temos ao fazer sexting também poderia facilitar o potencial para quem recebe a mensagem dizer que não – o que poderia transformar o consentimento em algo particularmente importante para quem envia um sexting.
A Conclusão
Conforme Hasinoff, "os conselhos gerais sobre sexo tendem a confiar nos modelos convencionais em que o consentimento implícito pode ser facilmente comprovado" enquanto que "os conselhos de quem escreve sobre sexting parecem perceber um potencial maior para a ambiguidade ou falhas na comunicação".
Embora o estudo não tenha visto se quem faz sexting está ou não seguindo este conselho e buscando consentimento explícito, as descobertas sugerem que a forma que a cultura popular observa o fenômeno poderia ser um excelente modelo para o sexo no “mundo real”, especialmente para adolescentes que estão começando a explorar a sua sexualidade e relações sexuais.
Hasinoff sugeriu que, ao invés de dizer aos jovens que se abstenham do sexting, as pessoas deveriam instrui-los a respeitar a privacidade das pessoas que lhes enviam essas mensagens ao não compartilhar o seu conteúdo.
É claro que mais pesquisas precisariam ser feitas antes de que as pessoas possam com confiança proclamar que
"O Sexting é ótimo para os adolescentes!" Mas, ei, se isso puder ensinar os garotos e as garotas que o consentimento não deve ser subestimado, talvez não seja algo tão ruim assim.
(A PRINCIPAL COISA NESSE TIPO DE CONTATO É RESPEITO, É O QUE DEVERIA EXISTIR. MAS PARECE MUITO MAIS UM "VAI QUE COLA", O CARA JOGA, MANDA A FOTO, SE ELA NÃO GOSTAR ELE PEDE DESCULPAS E DIZ QUE ENTENDEU ERRADO.
PROCURE RESPEITAR AS PESSOAS, DA MESMA FORMA QUE VOCE GOSTARIA DE SER RESPEITADO.
HÁ 20 ANOS FOI FEITO UM FILME SOBRE ASSÉDIO SEXUAL, COM MICHAEL DOUGLAS E DEMI MOORE, ELA TENTOU FORÇA-LO A TER RELAÇÕES COM ELA, MAS ELE NÃO QUIS. NA CONFUSÃO, A CONVERSA DELES ACABOU SENDO GRAVADA NUM CELULAR, AI NO DIA DA AUDIÊNCIA ENTRE ELES, A ADVOGADA DELE TOCOU A GRAVAÇÃO PARA QUE AS PESSOAS OUVISSEM, NESSA GRAVAÇÃO, ELE DISSE A PALAVRA "NÃO", MAIS DE 30 VEZES. QUAL TERÁ SIDO A PARTE DO "NÃO" QUE ELA NÃO ENTENDEU?)
Fonte: http://www.brasilpost.com.br/2015/11/19/sexting-consentimento_n_8601680.html?utm_hp_ref=brazil
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