Por Arthur Henrique Chioramital | Amigo Gay – sex, 24 de mai de 2013 17:36 BRT
Em janeiro de 2011, em uma apresentação feita às alunas da Universidade de Toronto, o policial Michael Sanguinetti sugere que as mulheres evitem “se vestir como vadias” como forma de evitar que elas se tornassem as próximas vítimas da onda de violência sexual que assolava o campus na época. Em reposta ao conselho dado por Sanguinetti, três mil pessoas tomaram as ruas de Toronto, dando início ao movimento que no Brasil ficou conhecido como Marcha das Vadias.
Em São Paulo, a manifestação aconteceu pela primeira vez em 2011. Amanhã (25/5), homens e mulheres se reunirão mais uma vez na capital paulista para passar uma mensagem simples: a vítima de violência sexual não pode ser responsabilizada pelo crime cometido contra ela, estupradores são os únicos responsáveis pela agressão e precisam ser punidos.
Eu já disse isso algumas vezes, mas como o assunto é importante bora repetir. Não importa o tamanho da saia. Não importa a profundidade do decote. Não importa a quantidade de bebida ingerida. Não importa se o lugar era escuro e deserto. Não importa se era tarde. Não importa se não tinha ninguém por perto. A vítima não tem nenhuma culpa pela agressão que sofreu. Simples assim.
Manifestações como a Marcha das Vadias e as reações que elas provocam deixam claro que a questão da autonomia da mulher sobre seu corpo está longe de ser resolvida. Ainda temos um longo caminho a percorrer antes de chegarmos ao ponto em que o gênero do agressor e da vítima não seja mais fator de relativização de culpa ou atenuação de gravidade.
Os caras acham mesmo que vão pegar mulher gritando “gostosa” para menina caminhando na calçada? Ou que é bacana passar a mão na bunda da garota que caminha perto deles na balada? Em que realidade distorcida esses homens vivem, na qual é legítimo agarrar alguém pelo braço e usar a força para obrigar alguém a ter qualquer tipo de “intimidade”?
O mais bizarro é que são esses mesmos caras que se dizem ofendidos quando levam cantadas de gays. São esses mesmos sujeitos que se sentem invadidos e agredidos quando são abordados por outros homens e vêem seu espaço pessoal e sua sexualidade invadidos por atos de intimidade não consentidos. O detalhe é que nesses casos geralmente estamos falando de olhares, sorrisos e só nos casos mais raros abordagem oral. Algo muito mais sutil do que as coisas que esses trogloditas costumam fazer com as mulheres.
Amigo, se você acha que as regras que valem para você são diferentes daquelas que valem para as mulheres pare de ler este texto agora mesmo e volta para a caverna de onde você jamais deveria ter saído.
Querida, se você “entende” a forma desrespeitosa e violenta como certos homens tratam mulheres que se comportam de forma “duvidosa” tome consciência de sua ignorância e machismo o quanto antes, se não por generosidade humanitária, por instinto de preservação. Afinal a próxima vítima pode ser você.
Amigo e Querida, vocês não são os primeiros nem serão os últimos agentes a tentar impedir a evolução da sociedade. Não se preocupem, vamos deixá-los para trás como deixamos todos os outros grilhões que nos prendiam. Em breve vocês serão menos do que uma lembrança desbotada de tempos dos quais a raça humana se envergonhará. Até lá, por favor, tentem falar mais baixo, a humanidade não precisa ouvir o que vocês têm a dizer.
Fonte: http://br.mulher.yahoo.com/blogs/amigo-gay/marcha-das-vadias-o-corpo-%C3%A9-meu-s%C3%B3-203649315.html
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