terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Na hora do bar, desligue o celular!

Por Ricardo Coiro

Quando estiver com amigos ou familiares, segure a onda. Sua ausência momentânea nas redes sociais não fará a mínima diferença.

Só uma coisa tem me irritado mais do que os pernilongos que já tomaram conta do meu quarto: pessoas que, enquanto estão comigo, não desgrudam os olhos da tela de um smartphone.
(AI EU PERGUNTO, ELAS ESTÃO REALMENTE COM VOCE?)

Vocês não têm ideia de quanta raiva eu sinto quando o ser que está à minha frente dá uma conferida no celular de cinco em cinco segundos. E sabe o pior? Os seres que têm agido dessa maneira escrota - como se não pudessem esperar nem dez segundos para responder uma mensagem no WhatsApp, visualizar atualizações no Instagram e aceitar solicitações de amizade no Facebook – não são meros desconhecidos ou gente para quem eu não dou a mínima importância; são sangue do meu sangue, amigos pelos quais eu ocultaria um cadáver, pessoas com quem eu trabalho duro todos os dias. Como pode? Aliás, isso deveria ser proibido por lei, para que a parte mais valiosa – e importante! - das relações humanas não seja extinta.

Outro dia, um amigo me chamou para tomar um café e, antes mesmo da chegada do nosso espresso, ele começou a dar dedadas frenéticas no celular. Essa só pode ser uma atitude passageira, pensei, mas me enganei completamente, pois o cara continuou digitando por todo o nosso encontro. Não apenas isso: ele, nitidamente, não estava prestando a mínima atenção naquilo que saía da minha boca. Depois que eu contava histórias mirabolantes, ele respondia com perguntas genéricas como “E aí?”, “Foi bom?”, “Curtiu?”. E sabe o que meu brother (será mesmo um brother?) estava fazendo de tão inadiável no iPhone dele? Não, ele não estava dando instruções de primeiro socorros à mãe com princípio de infarto. Muito menos estava passando coordenadas à namorada perdida na selva amazônica. Nada disso! Ele estava navegando Facebook, acredite se quiser. E, vez ou outra, também fazia interações em um grupo do WhatsApp. Como eu sei? Eu vi, oras. De tão hipnotizado com aquelas besteiras e superficialidades, nem disfarçar o cidadão conseguia. Foda, né?
(ISSO NÃO É PRIVILÉGIO SEU, ACONTECE COM MAIS UM MONTE DE OUTRAS PESSOAS CUJA VIDA NÃO ESTÁ PRESA AO CELULAR)

A tecnologia nos trouxe a mágica possibilidade de estarmos, simultaneamente, em vários universos; o que pode ser fantástico quando você está em uma fila de espera e precisa comprar uma passagem aérea. Ou quando está atrasado e seu chefe precisa - urgentemente - dar um recado a você. Porém, meu caro, precisamos ter em mente uma coisa: quando pisamos em diferentes mundos ao mesmo tempo, não pisamos de verdade em nenhum deles.
A cada nova janela que você abrir, irmão, menor será a qualidade da sua presença nas janelas que já estão abertas. Essa é a verdade, e só conseguirá muda-la caso você deixe de ser um ser humano.

Apesar de vivermos em um mundo a cada dia mais cheio de possibilidades, o grande lance é aprender a aceitar, sem sofrimento ou surtos de ansiedade, que você não pode usufruir de todas elas ao mesmo tempo. Simplesmente não dá. Você não é um robô. Você não é uma máquina.

É claro que você pode estar, simultaneamente, no Skype, Facebook, Instagram, Viber, WhatsApp e em um bar, mas será que você de fato estará em algum desses lugares se tentar estar simultaneamente em todos eles? Ou será que você será, apenas, uma sombra diluída em muitas plataformas? Ou será que você será apenas uma presença cortada em pedacinhos quase imperceptíveis? Pense bem.

Eu sei que tem comentários novos pipocando abaixo da foto que você acabou de postar. Sei, também, que o Instagram está lotado de atualizações. Mas você precisa saber uma coisa: por mais que você queira, NÃO conseguirá acompanhar tudo que está rolando. É impossível. Desista! Ou entrará em colapso, como já vi acontecer por aí.

Quer um bom conselho? Viva em um mundo de cada vez, e faça isso com o máximo de foco que puder. Quando estiver com um amigo em um bar, faça como eu: coloque o celular no modo silencioso e concentra-se inteiramente no papo e no ambiente em que estiverem. Quando estiver almoçando com a sua família, esqueça o que está rolando nos grupos do seu WhatApp e no Twitter, e tenha em mente que a sua ausência momentânea em tais plataformas não fará a mínima diferença, pois realmente não fará. Quando optar por ler um livro, desligue a TV, o rádio e o Notebook,  e apenas leia! Sacou?

Você está me entendendo ou, enquanto lê esta coluna, está respondendo mensagens no celular e de olho na TV? Estou falando sério, cara! Aprenda – e se force! - a focar em um só universo, ou, sem que perceba, tornara-se mais um entre os tantos seres que têm andado por aí feito zumbis, batendo o nariz em postes, cheios de olheira por causa das mensagens que leem de madrugada e respondendo a perguntas complexas com grunhidos monossilábicos, quase primitivos.

(AINDA BEM QUE NÃO SOU SÓ EU QUE RECLAMO DESSA "PRISÃO" EM QUE O CELULAR SE TRANSFORMOU, TEM UM MONTE DE OUTROS POSTS AQUI FALANDO DO MESMO ASSUNTO, INFELIZMENTE ACHO QUE ESSA É UMA BATALHA PERDIDA.O CELULAR ME ENGANOU, EU ERREI, ERREI QUANDO ACHEI QUE A TELEVISÃO IA DORMINAR O MUNDO, O CELULAR FOI MAIS ESPERTO.
AS PESSOAS ESTÃO TÃO VICIADAS NO CELULAR QUE, QUANDO ELE FICA FORA DO AR, O CAI NO CHÃO, AS PESSOAS TEM UM MICROINFARTE, OU O CORAÇÃO FALHA UMA BATIDA, É FODA.
ACHO MAIS FÁCIL UMA PESSOA LARGAR O CIGARRO DO QUE LARGAR O CELULAR.
EU FAÇO UM DESAFIO: QUEM CONSEGUE FICAR 24 HORAS SEM O CELULAR?)

Fonte: http://www.areah.com.br/vibe/vicio/materia/96109/1/pagina_1/na-hora-do-bar-desligue-o-celular.aspx

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