Depois que ela desligou o celular eu ainda estava meio tonto, ela tinha esse “poder” de me deixar meio sem noção. Minha cabeça dava voltas, imaginando se ela tinha realmente comprado aquele vestido, mas algo me dizia que não era brincadeira, ela iria realmente a essa festa usando o vestido que me fez “ajudar” a escolher.
Durante a tarde fiquei esperando para ver se ela iria enviar algum e-mail ou mensagem, mas nada, silencio total, nenhum e-mail, nenhuma mensagem, muito menos ligação de celular. A espera era torturante, eu olhava para o relógio, as horas simplesmente não passavam, tentei ocupar a cabeça com alguma coisa, mas não demorava para eu me lembrar do que poderia estar acontecendo.
Nem precisava dizer que eu já estava muito arrependido do que tinha feito de manhã, cutuquei a onça com a vara curta, jamais poderia imaginar que ela teria uma reação dessas, muito menos me fazer participar da compra do vestido.
À noite eu tentava não pensar no que poderia estar acontecendo, a festa, o tal vestido preto, era um inferno, já estava até com dor de cabeça, vi dois filmes e nada do sono chegar, tentei ler, mas nada surtia efeito, minha cabeça só tinha um pensamento, eu não conseguia parar de pensar no que poderia estar acontecendo naquela festa, os olhares, as cantadas que ela poderia estar levando.
Como não tinha nada que eu pudesse fazer resolvi ir dormir, quem sabe o sono aparecia e eu teria algumas horas de sossego, mas é claro que isso não aconteceu, rolei na cama, amarrotei o lençol todo e nada de dormir, já estava achando que iria passar a noite em claro. Como não conseguia dormir fui fazer aquilo que as pessoas gostam de fazer quando estão sem sono, fui comer alguma coisa, depois voltei para cama e fiquei lá, sabia que uma hora eu iria dormir, vi o relógio marcar meia noite, uma hora, duas horas, essa foi a última que me lembro, depois acabei apagando.
Acordei às cinco horas da manhã, uma hora antes do despertador, fui correndo olhar o celular para ver se tinha alguma ligação perdida ou alguma mensagem, nada, ela não tinha deixado nada, fiquei muito P da vida, o silencio era torturante, mas eu não podia fazer mais nada, não podia dar outra mancada, tive que engolir em seco, aguentar tudo que ela queria. Como não tinha jeito, a solução era ir trabalhar, tomei um banho, fiz barba, me troquei, tomei o café da manhã, peguei o carro e fui trabalhar, e fiz tudo isso sem tirar os olhos do celular, não queria correr o menor risco de perder alguma mensagem ou ligação dela.
Durante o trajeto de casa até o trabalho nem liguei o som do carro, não queria que nada pudesse atrapalhar, mas nem assim, eu já estava achando que o celular estava com defeito, liguei e desliguei o aparelho umas cinco vezes, e nada, continuava em silencio, até fiz uma ligação para casa para ver se o aparelho estava funcionando, e tudo funcionava perfeitamente, só não tocava.
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