quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Afinal, o que querem as mulheres?

Por Patricia Sebastiany

Muitas pessoas, em sua maioria homens, afirmam que as mulheres não sabem o que querem, que se contradizem e mudam de opinião acerca de tudo a todo tempo. Da mesmíssima forma como ocorre com o sexo masculino, podemos mudar de opinião constantemente, descobrir e redescobrir nossos desejos, ir do amor à indiferença, se assim quisermos. Mas, pensando nas mulheres com quem convivo, posso assinalar algumas coisas que desejamos.

Queremos, da mesma forma que os homens, gozar da liberdade de vestirmos o que bem entendermos sem que precisemos nos preocupar com qualquer tipo de preconceito ou assédio. Que nosso caráter e nossa disponibilidade sejam medidos por nossas palavras, e nunca pelo tamanho de nossas saias.

Queremos a paz de ter nossos corpos e vidas livres de todas as construções machistas que ainda estão por aí nos cercando, nos melindrando, nos diminuindo aos pouquinhos. Que não nos empurrem padrões de beleza, que, por hipótese alguma, nos designem papeis que não desejamos cumprir, e que parem de reforçar, dentre tantas outras tristes ideias, que o homem é a vítima no casamento.

Queremos ser vistas e tratadas como seres humanos complexos e ricos que somos, e não como meros pedaços de carne. Que os olhares que diariamente percorrem nossos corpos em busca de coxas e seios, experimentem se colocar em nossa posição, de corpos que são facilmente taxados de gostosos ou feios, de "pegáveis" ou não. Os olhares não devem desconsiderar que somos sujeitos de nossa sexualidade, não objetos da sexualidade alheia.

Queremos, com todas estas exigências, que entendam que não somos e nem queremos ser melhores que os homens, buscamos apenas a igualdade, o que é justo, o que nem deveríamos ter que pedir porque respeito já deveria ser nosso, mas que muitos não enxergam.

Queremos, acima de tudo, que não melindrem e banalizem nossos apontamentos acerca daquilo que nos atinge, que não intitulem frescura o que somos nós exercendo nosso direito de luta.

Não é preciso saber tudo, basta entender o que reivindicamos. Alterar todas estas ideias e comportamentos do dia para a noite é realmente utópico, pois ainda há toda uma cultura que nos desfavorece. O que queremos é que, ao invés de ajudar a alimentá-la, que passem a se juntar a nós nessa constante análise e crítica, desconstrução e construção de valores e comportamentos.

Para que, exatamente da forma como o feminismo propõe, atentando-nos aos pequenos detalhes do cotidiano, através do diálogo, do descobrimento e encontro de nossos ideais, possamos ser igualmente beneficiados, possamos crescer juntos.

(PARECE UMA COISA TÃO SIMPLES, MAS É TÃO DIFÍCIL DE CONSEGUIR. QUANDO PENSO NA EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DAS MULHERES, VEJO MUITAS CONQUISTAS, MAS TAMBÉM VEJO COISAS QUE NUNCA SAÍRAM DO LUGAR.

PENSO NA MULHER DA IDADE MÉDIA, QUE DIREITO ELA TINHA? NENHUM. NOS ÚLTIMOS 100 ANOS ACHO QUE AS COISAS ACELERARAM UM POUCO, SÓ EM 1932 AS MULHERES CONSEGUIRAM O DIREITO AO VOTO, DALI EM DIANTE PARECE QUE AS CONQUISTAS FORAM AUMENTANDO.

LEMBRO QUE, EM 1970, SER UMA MULHER DESQUITADA ERA O FIM, NINGUÉM A QUERIA, AS AMIGAS TINHAM MEDO QUE ELA DESSE EM CIMA DOS MARIDOS DELAS, E OS MARIDOS NÃO QUERIAM AS ESPOSAS COM ELA PORQUE ELA PODERIA INCENTIVAR AS ESPOSAS A SE DESQUITAREM TAMBÉM. OU SEJA, EM QUALQUER CASO, ESTAVA FERRADA. MAS MESMO ASSIM ALGUMAS CORAJOSAS SE DESQUITAVAM.

DEPOIS ISSO PASSOU A SER MAIS COMUM, VEIO O DIVÓRCIO E O DIREITO DE CASAR NOVAMENTE. HOJE EM DIA, SER DIVORCIADA É A COISA MAIS NORMAL DO MUNDO, MUUUUUUITAS PESSOAS SÃO. O TABÚ CAIU.

AS MULHERES CONQUISTARAM O DIREITO A TRABALHAR, MAS NÃO GANHAM O MESMO QUE OS HOMENS.

EM ALGUNS LUGARES DO MUNDO O ESTUPRO AINDA É ABSURDAMENTE ACEITÁVEL DENTRO DA SOCIEDADE. DEPENDENDO DO LUGAR DO MUNDO ONDE VOCE NASCE, VOCE PODE TER MUITOS DIREITOS, OU PODE TER APENAS O DIREITO DE RESPIRAR. INFELIZMENTE, SER MULHER, AINDA É UMA GRANDE LUTA.

ESPERO QUE ISSO UM DIA MUDE, EU TENHO DUAS FILHAS, E GOSTARIA QUE ELAS VIVESSEM NUM MUNDO ONDE ELAS SÃO RESPEITADAS. O DURO É VER QUE, MESMO NUM MUNDO COM TANTA INFORMAÇÃO, AINDA EXISTEM CABEÇAS DO TAMANHO DE UMA AZEITONA.

RESPONDENDO A PERGUNTA, ACHO QUE AS MULHERES SÓ QUEREM O DIREITO DE VIVER EM PAZ.)

Fonte: http://www.brasilpost.com.br/patricia-sebastiany/afinal-o-que-querem-as-mu_b_6718508.html?utm_hp_ref=mulheres

Nenhum comentário:

Postar um comentário