domingo, 4 de janeiro de 2015

Tecnologia: A era do amor doente.

publicado em tecnologia por Núbia Ferreira

O que estamos vivendo nessa era tecnológica? E o que estamos deixando de viver? O amor nunca foi tão doente, o tempo nunca passou tão rápido, as relações nunca foram tão difíceis e as pessoas nunca foram tão angustiadas como hoje, na era homo smart.

O advento da tecnologia revolucionou o mundo incluindo novos conceitos e formas de viver, neste novo mundo há um tempo que não espera, tudo acontece de forma em que num piscar de olhos podemos perder a chance de vivenciar novas experiências, e que novas experiências são essas? Em que olhares não encontram nada mais do que à tela dos smartphones aonde exibimos exacerbadamente nossas vidas vazias de afetos, entenda quando digo de afeto, é aquele sentido no abraço que abriga todas as emoções nos quais mensagens por redes sociais não pode suprir-nos de uma boa dose de calor humano. Que amor é esse que deixamos de sentir a dois e passamos a sentir sozinhos em frente à tela do computador? Até onde a intolerável carência em que andamos vivenciando vai abarrotar o mundo virtual de procuras desesperadas por alguém que nos preencha em uma humanidade que anda tão vazia de amor?

Sabemos que solidões andam por ai em uma época que a tecnologia nos proporciona formas diversas de comunicação, no qual o efeito disso é lastimável: afasta-nos uns dos outros e nos aproxima do narcisismo inflado. O amor virtual experimenta duas faces da angustia, procuramos por aquilo do qual fugimos, não é engraçado? Como recebemos o que queremos, mas não o que precisamos? Refiro-me como o amor pode ser bem mais empolgante cara a cara, talvez andemos tímidos demais ou já nos esquecemos de que existe vida e que pulsa bem ao nosso lado, e que não vemos porque estamos perdidos demais inclusos no virtual. Quem vai se atrever a olhar para o lado primeiro? Podemos não encontra ninguém de alma presente, assim iniciamos um ciclo vicioso, procuramos por amor nas redes sociais porque estamos desencorajados, angustiados e desgastados demais. Quem iremos culpar pela falta de sensibilidade que assola nossas vidas? Nem mesmo sabemos dizer como chegamos nesse “começo do fim” do amor genuíno, aquele a moda antiga aonde lábios se tocavam. Não que o amor virtual seja uma fraude, mas ele é tão doente, falta tanta presença, tanto contato pele á pele.

Preencha sua alma, mas não se esqueça de que o corpo precisa sentir outro corpo, é claro que podemos encontrar o amor do qual precisamos ali na nossa lista de “amigos” do facebook ou em bate-papos, mas é claro que não devemos nos esquecer de que o amor precisa de presença, e é isto que nos reconecta com a vida, reconhecer que a pessoa pela qual nos apaixonamos é feita de carne e osso e que podemos senti-la ali na respiração que acompanha as batidas do coração, do qual também somos feitos, feitos de pupilas dilatadas quando vemos quem amamos feitos de olhares que se fecham quando sentimos o cheiro do outro ao abraçarmos, feitos de cada pelo arrepiado quando somos tocados pelos dedos que chegam tão devagar e causam aquela combinação de sensações.

Apesar de tudo, tenhamos paciência, porque sabemos muito bem que às vezes até de forma dolorosa o nosso coração nos parece estranhos á nos mesmo, já dizia aquela velha musica “E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feita pelo coração?” Estamos fadados ao risco de se apaixonar errado, mas e daí? Quando o amor entra em jogo temos que jogar, e é nessa historia que sacrificamos, aceitamos a ausência e até vivenciamos um relacionamento a distancia. A tecnologia também é bem-vinda quando nos sacia um pouco e alivia a saudade de ouvir a voz de quem não esta perto da gente, mas não basta, sempre precisamos de mais um pouco do outro, de mais perto, até nos sentirmos mais seguros, se não temos o controle das nossas próprias emoções quem diria do outro, ainda longe da gente, o que podemos esperar? Para os bons paranoicos existe um provérbio: “o que os olhos não veem a mente inventa”, aguente quem puder, porque sabemos que perdemos um pouco de nós para o outro, e ter um pouco da gente á 9.469 Kms ou mais custa muito caro.

Esperávamos que a tecnologia nos proporcionasse toda a felicidade? Talvez que nos trouxesse o amor mais rápido, porque temos pressa em vivê-lo. Mas do que estamos nos abdicando quando encontramos no virtual um amor? E por ali ficamos esquecidos no meio de tanta gente também esquecida do mundo real pensando em ter encontrado o conforto que precisa. O amor pode estar em qualquer lugar, concordo, mas temos um mundo cheio de sensações para serem sentidas no contato da pele, então que todas as angústias que sentimos sejam curadas ou aliviadas neste mundo, que vivenciemos beijos, abraços, sexos e palavras no mundo real. Não nos tornemos vítimas das nossas próprias criações, não nos esquecemos desse mundo em que nossos corpos estão, pois o mundo virtual não ira comporta-los, precisamos sustentar a casa aonde habitam os nossos eu interior, que já tão aflitos de ausências recorrem á outro mundo, o virtual.

Sejamos agradecidos á tanta coisa boa que a tecnologia nos proporcionou, não podemos negar, e que possamos evoluir sim, mas não nos esquecemos de olhar em volta e que não adoecemos o amor, por favor.

(POIS É, ESSE ASSUNTO NÃO É NOVO, MUITO PELO CONTRÁRIO, ESTÁ SE TORNANDO RECORRENTE.
CONTINUAMOS MARCANDO ENCONTROS PELO CELULAR, VAMOS AO CINEMA COM UMA PESSOA, E DEPOIS DO CINEMA VOLTAMOS A FICAR NO CELULAR, SÓ QUE COM PESSOAS QUE NÃO ESTÃO ALI, E A OUTRA PESSOA - COM QUEM VC FOI AO CINEMA - FAZ A MESMA COISA, SÓ QUE COM OS CONTATOS DELA.)

Fonte: http://lounge.obviousmag.org/porpensardemais/2014/12/tecnologia-a-era-do-amor-doente.html#ixzz3N6YnPfCj

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